segunda-feira, 18 de junho de 2012

Uso político da greve de Guarulhos

Ainda sobre a greve e a violência em Guarulhos...

Algumas coisas são fatos praticamente indiscutíveis: devia ser evitada a presença da Polícia Militar no campus, a PM talvez tenha agido com excesso de força, os alunos NÃO deviam ter depredado o campus etc. Muitas coisas erradas juntas são um indicador irrefutável do alto grau de descontrole da situação.

Mas volto a escrever para destacar alguns usos e desdobramentos políticos da greve discente.

O primeiro, e mais óbvio, é a articulação do comando de greve com os partidos políticos. Sobre esse ponto não preciso me alongar, pois todos sabemos que boa parte dos alunos mais engajados também militam em partidos políticos, sobretudo nas alas radicais.

O segundo ponto é o que mais me preocupa agora...

Hoje existem duas cabeças a prêmio ou duas "batatas assando": a) a do Prof. Marcos Cezar, diretor do campus de Guarulhos; ainda hoje, cerca de 150 pessoas pediam sua cabeça na Av. Paulista. b) a da PRAE, que foi colocada a parte do processo de negociação para o retorno das aulas.

Hoje, durante a reunião do Conselho de Assuntos Estudantis, a gestão da PRAE sinalizou a possibilidade de renúncia. Muito bem, vamos falar claramente: não foi exatamente uma sinalização de desejo de renúncia, provavelmente é outro pedido fraternal de cabeças, a coisa está ficando insustentável. Então, com a boa intenção de apoiar a gestão da PRAE, o Conselho aprovou uma moção de apoio à PRAE, reforçando a importância do diálogo como único caminho para a resolução dos conflitos.

Entretanto, contudo e todavia... Temo que haja uma disputa de forças entre as -- hoje -- antagônicas forças da PRAE e da Direção de Guarulhos. E temo que a moção aprovada hoje seja uma arma nessa disputa. Esclareço: a PRAE e o seu respectivo conselho desaprova a gestão administrativa e de conflito exercida pela direção do campus de Guarulhos. Por outro lado, a Direção do campus de Guarulhos não dá participação à PRAE sobre suas ações sobre a greve. Temos, portanto, um impasse.

Aliás, os alunos falam abertamente que não negociam com a PRAE, pois esta é vista como uma entidade que defende os interesses da Reitoria. E como mencionei, os alunos pedem abertamente a renúncia do Diretor de Guarulhos.

A renúncia do Diretor, entretanto, não é apoiada pelos docentes. Pelo menos, não foi sequer acenada pela congregação do campus. Além disso, ele é um legitimíssimo dirigente eleito, inclusive, sem chapa de oposição.

Então, como isso pode se resolver? Me parece límpido e transparente que PRAE e Direção de Guarulhos estão em rota de choque. E vejo poucas possibilidades de que ambas, harmoniosamente, voltem a conversar. Não cabe perguntar quem vai ganhar, pois todos vão sair perdendo.

Quem, por fim, terá de resolver esse ponto de impasse? Será a Reitoria, nas figuras do Magnífico Reitor e do Consu. Não arrisco palpites... Apesar de tê-los...

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