segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

"Vai todo mundo perder!"

Dilma Roussef certa vez profetizou que todos perderíamos. O vídeo em questão pode ser encontrado no YouTube e você provavelmente ainda se lembra daquelas palavras embaralhadas. O final era: "Vai todo mundo perder!"

O fato é que nas eleições de 2018 provavelmente será exatamente isso que acontecerá. Todos nós perderemos.

O país está fragmentado. Nenhuma força política conseguiu criar um discurso de união ou de alinhamento em torno de um novo pacto social. A possibilidade de discussão de um pacto ficou postergada para depois do segundo turno, quando serão reavaliadas as probabilidades de acesso ao poder.

Hoje lideram a pesquisa: Lula, com um discurso à esquerda lembrando o sindicalista dos anos 80; Bolsonaro, com um discurso simplista, sem observar a complexidade das composições de força; outros candidatos não chegam a 10%, Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB), Álvaro Dias (Pode), Ciro (PDT), Meirelles (PSD) e Amoêdo (Novo); e os demais não tem sequer 1%.
Nenhum desses candidatos, todos frágeis como um dente-de-leão, representam uma reconstrução. Nenhum deles possui o carimbo no qual se lê "Ético", "Confiável" ou "Diferente do resto".

Qual deles seria capaz de, se eleito, construir uma maioria de cerca de 60 ou 65% no congresso para governar com altivez e com a força do voto? Sem preocupar-se com arranjos ou troca de favores?

A aliança que o Brasil precisa devia ser construída agora. Antes do sangue escorrer nas campanhas. Antes dos desgastes. Antes do congresso ser eleito.

Essa aliança pode estar à esquerda, à diretia, ou ao centro (onde é mais provável), mas se esperar o segundo turno pode ser tarde demais. Os deputados já terão sido eleitos e passarão a ser independentes em relação ao projeto escolhido pelo povo para a presidência. Ou se constrói uma maioria agora, ou serão mais 4 anos de trocas de favores, liberação de emendas e jogos de interesse. Eu desejo algo melhor...

Mas não acredito que uma coalizão será construída. Por que? Porque cada partido espera se dar bem no processo eleitoral, quer fazendo oposição, quer apoiando o status quo. Do seu próprio umbigo, todos se acham corretos e porta-vozes do povo; na verdade representam apenas a si mesmos e a pequena cúpula do partido.

Ao se analisar as chances de cada um, temos: um PT isolado, sua chance repousa apenas nos 30% de votos fiéis ao Lula; aliás, esses votos são do Lula e não do PT. Se condenado em algum dos inúmeros processos aos quais responde -- o que é provável, Lula deixará o partido sem substituto à altura. O PSDB vive do passado e acha que terá a mesma força com Alckmin que teve com FHC; uma falácia. Ciro será sempre apenas um falastrão; ele até tem razão às vezes, mas não tem apoio. Marina, está esvaziada em um partido nanico e precisa insistir nessa estratégia para fomentar o crescimento da Rede. O mesmo vale para Amoêdo. Bolsonaro tende a não ter tempo de TV, pois ninguém quer vincular-se a sua imagem de extrema direita; Bolsonaro aposta no ativismo das redes sociais, isto é, é apenas um risco. Álvaro Dias vê-se em um partido pequeno e que, na prática, ainda não se mostrou diferente do resto. Meirelles é o símbolo do liberalismo e não será um candidato viável nas urnas. Os demais candidatos, em suma, apresentam os mesmos pecados dos anteriores combinados em diferentes cores e graus. O PMDB pode pesar nessa balança, dando tempo de TV ao candidato que apoiar; mas seu apoio pode custar mais votos do que agrega...

Todos eles  acreditam em vitória. Na verdade, são obrigados a acreditar para manter o investimento no partido ou para manter uma trajetória de crescimento político.

Ainda não vi um projeto de Brasil. Você viu?
Com essa postura, como disse Dilma Roussef, "Vai todo mundo perder!".